Aqui e ali, vamos tentando

Era Tudo Mato, Agora é Assinado

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Para quem não me conhece (todo mundo), nasci em fevereiro de 82, ou seja, passei dos 40 já há algum tempo, porém tenho a impressão às vezes de ser uma versão um pouco menos burra do meu eu de 16 anos.

Em alguns aspectos, sou muito moderno e em outros, muito antiquado: isso talvez faça parte da minha geração (Geração Y ou Millennials). Afinal, nascemos quando tudo ainda era mato — ou seja, analógico ou manual — e provavelmente vamos nos despedir dessa existência no mundo da realidade quântica.

Era tudo mato, agora é assinado - Gustavo Visentini - Imagem criada com IA
Imagem criada com IA

Claro, algumas das tecnologias que temos hoje, que parecem absolutamente futuristas, já existiam antes da nossa existência ou eram estudadas para sua existência e/ou viabilidade. Porém, foi a minha geração que passou por essas transições. Refiro-me, na verdade, às mudanças que aconteceram de forma tão rápida que nós, Millennials, temos a sensação de estarmos sempre atrasados em relação ao mundo que nos é disponibilizado.

CADA ANO, PARECEM DOIS

Nós vivemos em dois milênios e dois séculos diferentes, enterramos até o momento 4 Papas, e ainda era ditadura militar quando nascemos no Brasil (1964-1984), Chile (1973-1983), Argentina (1976-1983), Uruguai (1973-1985), Paraguai (1954-1989), Suriname (1982-1988), Polônia (1981-1983), Indonésia (1966-1998), Mianmar (1962-2011), Coreia do Sul (1981-1987), entre outros.

Era Tudo Mato, Agora é Assinado - Gustavo Visentini - Criado com IA
Criado com IA

O primeiro carro elétrico é de 1888 (Flocken Elektrowagen). Em 1900, os Correios dos EUA iniciaram os testes de uso de carros elétricos, sendo adotados de forma definitiva de 1902 até 1914, quando foram trocados pelos a combustão. A extinta fabricante nacional de carros (Gurgel) já fabricava carros elétricos no Brasil desde 1974: o Itaipu E150 (subcompacto para duas pessoas) e as minivans Itaipu E-400 e E-500.

Flocken Elektrowagen, Gurgel E150 e Gurgel E400
Flocken Elektrowagen, Gurgel E150 e Gurgel E400

O GPS começou a funcionar em 1978, com liberação parcial para o público em 1983 e liberação total em 2000. Hoje, aberto ao público de forma global, temos o GLONASS (Rússia), Galileu (União Europeia), BeiDou (China), e ainda temos o QZSS (criado pelo Japão, para melhorar a precisão do GPS, em função da geografia do país) e o NavIC (criado pela Índia com foco no território indiano para uso militar e agrícola). O Brasil, neste ano, iniciou o processo de análise para a criação do próprio sistema de posicionamento global.

TUDO VEIO PARA A PALMA DA MÃO

Até o final dos anos 1990, tecnologias como disquetes, pendrives, CDs/DVDs/Blu-Rays, fax, câmeras digitais, filmadoras, relógios, despertadores, rádios, TVs, pagers, secretárias eletrônicas, telegramas, agendas eletrônicas, videocassetes e similares, foram, um a um, sendo mortos pelos telefones “modernos”. Com o advento do smartphone, a chacina foi total, pois tudo migrou para um pequeno aparelho que cabe na palma da mão e que, para muitos, substitui também a necessidade de um computador.

Era tudo mato, agora é assinado - Gustavo Visentini - Criado com IA
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O segundo morticídio veio com a internet, que iniciou seu uso ao público no Brasil em 1995 e, de lá para cá, foi uma verdadeira revolução, para o bem ou para o mal.

TUDO FOI PARA “NUVEM”

Tudo foi para a nuvem: fotos, arquivos, contatos, documentos, datas, ideias, filmes, músicas, programas de TV e rádio que agora concorriam com pessoas comuns, criando conteúdos para sites como YouTube, Facebook, Instagram, TikTok, que ficaram mais ricos e famosos que muitos que estavam na TV, rádio e outras mídias.

DEIXAMOS DE SER DONOS, PARA SERMOS ASSINANTES

Tivemos o fenômeno mais recente, que é: deixamos de ser donos para sermos assinantes das coisas. Os CDs, DVDs e Blu-Rays deixaram de ser produzidos em detrimento dos streamings. Então, se você quer ver um filme, série ou ouvir uma música que não estão em canais abertos, você paga uma mensalidade. Não pode pagar? Fica com o que tem nas mídias abertas, mas não tem mais como comprar. Jornais, quadrinhos e revistas estão indo pelo mesmo caminho, assim como o armazenamento. Cada vez menos empresas produzem HDs externos ou sistemas de armazenamentos locais, e tudo vai sendo empurrado para a nuvem, que nos planos gratuitos não atende às nossas necessidades, e acabamos obrigados a pagar por mais espaço.

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COMPREI, É MEU, MAS SE EU NÃO ASSINAR, NÃO POSSO USAR E SE ASSINAR VEM COM PUBLICIDADE

E, beirando o ontem, mesmo aquilo que compramos, como um carro, começou de forma tímida a ter cobrança pelo uso de funcionalidades que estão presentes nele, como a BMW que começou com o aquecimento dos bancos — quer banco quentinho no inverno? Paga a mensalidade que liberamos, não paga? Segue com o bumbum gelado então. A publicidade passou a invadir tudo que é possível: TVs, geladeiras, smartphones, assistentes pessoais, etc. Basicamente, aqueles bens que compramos e que somos donos, que estão conectados, estão passando a exibir publicidade, sem que possamos desabilitar, com a desculpa de que manter todo esse ecossistema conectado tem custo e, para não cobrar do usuário uma mensalidade, eles exibem publicidade para custear o serviço.

 

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